domingo, 1 de novembro de 2009

"Educação musical desenvolve inteligência e sociabilidade em crianças".



Processo de educação musical sistemático desde a infância traz benefícios ao adulto. Brincadeiras ajudam no aprendizado.
O contato do ser humano com a música desde a infância traz benefícios ao desenvolvimento pessoal da criança, que pode se tornar um adulto inteligente e sociável. O processo de educação musical passou a ser obrigatório no ensino regular das escolas brasileiras em agosto do ano passado, mas especialistas, que defendem a musicalização infantil há mais tempo, sugerem esse tipo de atividade até mesmo antes de a criança entrar em uma escola regular.
Docente do Departamento de Música e Teatro da Universidade Estadual de Londrina (UEL), e especialista em educação infantil, a professora Helena Loureiro defende um processo de desenvolvimento musical sistemático durante a infância. “A criança terá a oportunidade de ter um ambiente diversificado de sons e música, que será desenvolvido ao longo da vida. Quando mais se escuta, toca, canta e vivencia, mas desenvolve esse aspecto”, afirmou.
A complexidade de ritmos e sons da música faz com que o cérebro seja estimulado a desenvolver elementos como a lógica e inteligência. “Várias pesquisas comprovam que a música trabalha diversas partes do cérebro, entre elas o raciocínio, a lógica. O que ocorre é que o músico precisa fazer associações de ritmos”, explicou a professora de música Tatiane Mota, que atende cerca de 200 crianças de quatro meses a dez anos.

De acordo com ela, além de trabalhar a sensibilidade, o aluno de música pode se destacar em outras disciplinas como a matemática. “O tempo dos ritmos têm a ver com frações, que desenvolvem a matemática”, disse Tatiane. Helena apontou que a inteligência pode vir a partir do ambiente musical com que a criança tem contato ao longo da infância. “Ela cria esquemas musicais porque experimenta e desenvolve uma vivência musical.”

Entretanto, todo esse universo só será possível dependendo do ambiente em que a criança é exposta desde que nasce. “O ambiente que a criança vivencia pode proporcionar experiências diversificadas e novas aprendizagens. Se ela pode escutar uma diversidade de sons e música, isso se tornará a bagagem dela, que interferirá nas relações sensoriais dela”, apontou Helena.

Brincadeiras com música e ritmos e que interagem com outras pessoas são extremamente saudáveis durante a infância. “Aquelas brincadeiras de roda, em que as crianças cantam, contribui com a sociabilização e interação com outras pessoas, melhorando o respeito ao outro”, observou.

Tatiane ressaltou ainda que a prática da música ajuda a controlar a ansiedade e melhora a concentração. “As crianças são bombardeadas pela mídia e passam horas na frente do computador. Quando fazem aula de música, elas param para prestar atenção ao som”, avaliou. A constância em trabalhar com instrumentos e microfone diminui a timidez. “Desenvolve-se na criança a auto-estima.”

Segundo Tatiane, as aulas ensinam o aluno a ter disciplina. “Eu tinha um aluno de oito anos que sempre respondia com mal criações. Com o passar do tempo ele foi melhorando e deixou de responder. A música ajuda e faz a diferença na formação da criança.” Crianças estressadas e nervosas passam a ficar mais calmas, assim como a imposição de limites aos pequenos. “A criança precisa de limites e, através da música, isso acaba ocorrendo de forma descontraída e prazerosa.”


Educação musical


Helena apontou que a musicalização pode ser desenvolvida em três aspectos. A produção, a apreciação e a reflexão musical. Ela dividiu a infância em três fases: de zero a 2 anos, de 2 a 7 e a partir de 7. Nos dois primeiros anos da infância, em relação à produção musical, a criança tem a oportunidade de brincar com sons e com os timbres. “Do ponto de vista do adulto, o que ela faz não é música, mas para ela é. A criança explora o material sonoro, ela curte o som. Qualquer objeto que produza som é um instrumento na mão da criança, como talheres que batem no prato”, disse.

A partir de então e até os 7 anos, conforme disse Helena, o que a criança mais explora é o canto. “O adulto deve cantar bem para ser modelo, mas não esperar que a criança seja afinada. Isso vem com o tempo e a prática.” Ela recomendou brincadeiras, como contar histórias, cirandas e possibilidades em que a criança pode inventar personagens e trabalhar com efeitos sonoros.

Após essa idade, as crianças já estão aptas a desenvolverem o que Helena chamou de alfabetização musical. “São aulas de instrumentos, com notas musicais, grafias rítmicas. Muitas crianças que trabalham com música desde a infância, chegam nessa idade com vontade de partir para o aprendizado de um instrumento”, disse.

O segundo aspecto, relacionado à apreciação musical, está ligado à capacidade que a música tem de prender a atenção das crianças. “É a oportunidade de se escutar um repertório diferenciado. O que se coloca para ouvir, a criança escuta. Mais tarde ela manifestará interesse por uma ou outra forma.” De acordo com ela, os pais ou responsáveis podem utilizar algumas estratégias. “Colocar um CD de música clássica ou até um rock enquanto embala a criança para dormir, ou enquanto ela está no carrinho”, apontou.

Helena afirmou ainda que o trabalho com movimento é importante para fixar na criança o gosto pela música. “A criança interage com os sons, muitas vezes, através de gestos e movimentos, como a dança. É como se ela escutasse e apreciasse a música através do corpo.” Segundo ela, as brincadeiras devem vir acompanhadas de muito movimento.

Por último, o terceiro aspecto apontado por Helena não se aplica a crianças pequenas, sendo possível a partir dos dez anos de idade. “Este é um processo mais reflexivo, de provocar a criança a fazer relações com as coisas que ela vive no mundo”, explicou. Este é o chamado momento reflexivo, quando a pessoa começa a fazer reflexões sobre o papel da música na sociedade, em relação à função social dela, além de buscar na sociedade as formas e origens da música.

A professora de música Tatiane Mota sugeriu que é preciso fazer com que a criança crie vínculo com a música. “Podemos trabalhar com sonso de instrumentos diferentes utilizando objetos do cotidiano, como a colher, a sacolinha, entre outros, a fim de apresentar o universo musical fazer o mundo sonoro ficar atrativo para a criança.” Além disso, ela utiliza chocalhos, pandeiros, tambores, violão, teclado e bateria infantil.

Um comentário:

  1. Olá Suzi, tudo bem? meu nome é Sandro Batalha de Lima, também sou discente do curso de licenciatura em educação musical pela Ufscar, ingressei em 2008. Sou músico da Congregação Cristã no Brasil toco Tuba sinfônica e adorei seu texto. Podemos dizer que o Estudo da música contribui consideravelmente no desenvolvimento do individuo como um todo, no jornal Folha de São Paulo tem uma matéria recente sobre música, onde Marcos Dávila diz acerca do que o "Aprendizado musical pode trazer de benefícios para concentração", e ele traça estudos científicos acerca da música, e se conclui, "que, o estudo musical, principalmente na infância, contribui para o desenvolvimento de áreas cerebrais responsáveis pela coordenação motora e pela cognição". E se um individuo estuda algum instrumento musical, a pessoa poderá desenvolver a "memória, percepção auditiva e raciocínio, entre outras coisas", outros benefícios que provem do estudo de música é a capacidade de prever situações, proveniente do estudo de partituras, com a interpretação dos símbolos musicais de uma peça,no canto etc. Uma grande contribuição em vários segmentos não acha? Aproveito essa oportunidade para visitar e conhecer meu blog nesse endereço:http://osdesafiosdaeducaomusicalnobrasil.blogspot.com/ . Estou a disposição para trocarmos idéias e compartilhar nossos conhecimentos. Grande abraço e até breve. Sandro Batalha de lima

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